A crise econômica na Argentina e seus impactos nas relações comerciais com o Brasil
Contextualização da crise
A atual crise econômica não é a primeira enfrentada pela população argentina. O país tem passado por uma recessão desde o governo de Mauricio Macri entre 2015 e 2019, em que os níveis de inflação chegaram a 53,8%, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). Além de ter sido prejudicada pela pandemia de Covid-19, registrando queda de US$9,7 bilhões das exportações no ano de 2020 em comparação com o ano de 2019, a Argentina acumula cerca de US$45 bilhões em dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que no momento está em fase de renegociação, em função de um acordo que visava controlar a inflação no país.
O embate Alberto Fernández e Cristina Kirchner
Visto isso, grande parte da crise está relacionada à instabilidade política e o embate entre Alberto Fernández, presidente da Argentina, e sua vice Cristina Kirchner. Os líderes políticos discordam sobre quais atitudes devem ser tomadas a respeito da crise, resultando na renúncia de Martín Guzmán, ex-Ministro da Economia, em julho de 2022.
Sua sucessora, Silvina Batakis, apresenta um perfil mais pragmático e defende o fim da emissão monetária, processo que está em vigor desde o início da pandemia a fim de proporcionar subsídios sociais. Dessa forma, propondo estratégia contrária à de Kirchner e sendo alvo de protestos para mais ajuda social.
Relações Brasil e Argentina
Historicamente, a Argentina é um dos principais parceiros econômicos do Brasil, ocupando a posição de 3º maior participante nas exportações brasileiras em 2021. E, apesar da queda das trocas causadas pela pandemia de Covid -19 em 2020, as exportações apresentaram crescimento de 39,9% em 2021 segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Além disso, entre os meses de Janeiro e Junho de 2022, esse mesmo indicador avançou 33,3% quando comparado com o mesmo período no ano passado.
Quais os impactos da crise nas exportações brasileiras?
A respeito dos impactos da crise nas trocas comerciais brasileiras, de acordo com o Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE) em relatório do ICOMEX referente a junho de 2022, as relações bilaterais não sofreram alteração. De acordo com o relatório, a Argentina foi o parceiro comercial brasileiro que registrou maior crescimento entre os meses de janeiro e junho, com 12,4%. Porém, o Instituto também ressalta a instabilidade gerada pela crise e a necessidade de monitoramento das relações.
Assim, mostrando-se crucial acompanhamento e pesquisa aprofundada sobre a conjuntura econômica e política da Argentina no momento de direcionar suas exportações e investimentos a esse destino.
Por: Ana Beatriz Teodoro em 05/08/2022
Fontes: