A crise no Equador
e seu impacto no Brasil
Contexto
A instabilidade na vida dos equatorianos iniciou-se em 2023 com a renúncia do presidente Guillermo Lasso e a dissolução do Parlamento, o que levou a necessidade de eleições tanto para o legislativo quanto para o judiciário no país . A desistência de Lasso foi resultado de diversas denúncias de corrupção direcionadas a ele, além da pressão causada por problemas severos de segurança pública no Equador.
A partir disso, foi eleito presidente Daniel Noboa, cuja principal causa é o combate ao crime organizado, principal ameaça à segurança pública do país. Isso porque o Equador é um país estratégico para o escoamento de drogas, sendo sua abertura para o Pacífico o principal ponto de saída de cocaína. Além disso, facções locais se aliam a cartéis mexicanos e máfias do leste europeu e expandem seu mercado.
A crise
O estopim da crise de segurança pública equatoriana foi a fuga do maior narcotraficante do país, José Adolfo Macías Salazar, o Fito, do presídio onde deveria estar cumprindo pena. Diante disso, o governo de Daniel Noboa declara Estado de Exceção, que permite que as forças armadas se juntem à polícia nas ruas de todo o país. Esse mecanismo tem duração de 60 dias, durante os quais estão restritos os direitos de locomoção (a partir do toque de recolher entre as 23h e 5h), de reunião e de privacidade de domicílio (não é necessário ordem judicial para que as autoridades entrem nas casas da população).
Com isso, os participantes do crime organizado também reagiram: universidades foram atacadas, policiais foram executados, estudantes foram sequestrados e a emissora de televisão TC Televisión foi invadida por criminosos fortemente armados durante transmissão ao vivo. Assim, o governo declarou conflito armado interno e tomou medidas como a suspensão das atividades escolares, o fechamento de órgãos públicos e o início do processo de extradição de presos estrangeiros.
Como isso afeta o Brasil?
O Brasil já agiu em face do conflito. Inicialmente, foi organizada uma reunião interna com o objetivo de debater as possíveis ações do governo brasileiro diante da crise equatoriana. Posteriormente, o Brasil participou de uma reunião com representantes das polícias da América Latina, o encontro tinha como foco encontrar formas de cooperação com o governo do Equador. Além disso, a polícia federal ofereceu treinamento à polícia nacional equatoriana para rastrear bens do crime organizado.
Segundo Daniel Sousa, professor de economia do podcast de política e economia internacional Petit Journal, o narcotráfico não é um problema local, mas de toda a América do Sul. Essa é, na verdade, uma questão que afeta a todos, incluindo o Brasil, que acaba fazendo parte da rota da cocaína, principalmente na região amazônica brasileira. Portanto, o problema não pode ser enfrentado de forma individual, é preciso resolver a questão do narcotráfico de forma coletiva. Ainda segundo ele, o Brasil é uma liderança incontornável na América do Sul, logo, é essencial sua participação na resolução do conflito.
Por Maria Eduarda Galli Branco em 21/01/2024
Fontes: