Eleições na Turquia: Qual seu impacto global?
Em meio a desastres naturais, crises econômicas torrenciais e erosão democrática, a Turquia enfrenta um polêmico e acirrado embate político, entre Recep Tayyip Erdogan, após duas décadas de poder, e Kemal Kilicdaroglu, seu principal opositor. O povo turco, em menos de três meses depois que um terremoto, que matou mais de 50 mil pessoas e deslocou mais de 5,9 milhões no sul da Turquia e no norte da Síria vai às urnas neste domingo (14) para decidir o futuro da nação e como a mesma se portará diante aos demais países.
Inicialmente é necessário ressaltar que o atual presidente, Erdogan, protege uma ideologia de um país mais fechado, prometendo uma Turquia forte e multilateral, além da criação de 6 milhões de empregos. Porém acusa o Ocidente de tentar derrubá-lo e dificultar a extensão de sua permanência no poder, já que seu adversário, Kilicdaroglu, é apoiado por uma ampla oposição, e quer reaproximar este Estado-membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar ocidental) do Ocidente e defende maior liberdade democrática.
Kemal, o político e candidato de 74 anos, é o líder da oposição, um político secular de centro-esquerda, cenário completamente novo para a Turquia atual. Ele é do Partido Republicano do Povo, mas lidera uma aliança de seis partidos para tentar vencer o atual presidente, Erdogan, que se destaca no cenário atual por ser um antigo aliado de Vladimir Putin, presidente da Rússia, fazendo com que sua forma de agir não vem agradando seus colegas da Otan, principalmente à respeito da guerra na Ucrânia.
E atualmente?
Sua má fama vem sendo amplamente discutida por este motivo e outros, como assegurar uma das mais altas inflações do mundo, tendo passado de 80% em 2022, e também das acusações de ter liberado edifícios com projetos que não previam resistência ao tremor de terra, sofrida em fevereiro deste ano. Mesmo assim, por se tratar de um país tradicionalista, sua vitória era prevista, como segundo a Reuters, já era esperado inclusive que esses resultados iniciais fossem favoráveis a Erdogan, já que muitas das primeiras contagens normalmente vêm de áreas rurais e mais conservadoras do país, porém os resultados estão mostrando ao contrário.
Mesmo que alguns analistas digam que se Erdogan perder a votação por uma pequena margem, abre-se a possibilidade de ele contestar os resultados, seu rival promete diversos pontos. Entre as promessas, está a de desmobilizar o sistema presidencial que Erdogan instalou no parlamentarismo, e quanto à guerra russa na Ucrânia, Kilicdaroglu afirma que, se eleito, sancionará a Rússia, algo que Erdogan não fez até agora. Isso isolaria Moscou ainda mais no cenário internacional e poderia ter desdobramentos importantes para o cenário global.
Quem seria o melhor candidato?
Sendo assim, é importante salientar que como qualquer outra eleição, tudo que é assegurado não passa de promessas, e como todo cenário político, não existe um “herói” e um “vilão”, e sim pontos de vista e modos de governo diferentes. Além do mais, uma vez eleitos, precisam manejar de diferentes assuntos que não só dizem a respeito do exterior, mas sim do interior também, como os refugiados da guerra Síria no país, que Kilicdaroglu não pretende continuar recebendo e protegendo.
Por Julia Tsuruta em 15/05/2023
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