Essequibo: O conflito às
portas do Brasil
A região
Essequibo é uma região localizada à Oeste de um rio com mesmo nome, sendo parte do que hoje é a Guiana. Sua área compreende aproximadamente dois terços de todo o território nacional e estima-se que vivam 125 mil pessoas nessa área, com a ampla maioria se identificando como Guianense. No contexto de colonização das Américas, Essequibo já esteve sob controle de Holanda, Inglaterra e, alegadamente, Venezuela, quando ainda era colônia espanhola. É nisso que o governo de Maduro se baseia para contestar o domínio dessa região, onde recentemente foram descobertos poços de petróleo e gás natural. É bom lembrar, porém, que a reivindicação de Essequibo por parte da Venezuela não vem de hoje, já que desde a sua independência, em 1810, o país disputa com a Grã-Bretanha pela posse do território. Em 1899 o Laudo arbitral de Paris entrega a soberania de Essequibo aos britânicos, em uma decisão controversa e contestada, sem sucesso, pela Venezuela.
Após anos de relativa calmaria, as tensões voltaram a aumentar na região, frente ao cenário de fragilidade política que Maduro enfrenta na Venezuela e à descoberta de petróleo. Hoje independente da Grã-Bretanha, a Guiana passa a temer efetivamente o conflito armado, isso por que, no fim de 2023, a população venezuelana votou, por meio de referendo, pela criação de um estado em Essequibo, decisão esta que já foi oficializada por decreto presidencial, ainda que não seja reconhecida internacionalmente. Em resposta, exercícios militares foram conduzidos pela Guiana, com apoio dos EUA e Grã-Bretanha, já que o país é membro do Commonwealth.
O Brasil no conflito
Autoridades brasileiras enxergam a postura de Maduro como uma resposta à baixa popularidade que goza em pleno ano de eleição presidencial. Reavivar as reivindicações por um território que compõe a identidade e orgulho nacional do povo venezuelano é a estratégia perfeita para recuperar seu prestígio político defasado. Ainda assim, o Brasil adota cautela com a situação e já enviou tropas militares para suas fronteiras Norte, próximo à Guiana e Venezuela. O Presidente Lula vem, mais uma vez, adotando uma postura pacifista, pois o conflito armado poderia gerar consequências indiretas para o Brasil, como o agravamento da crise de refugiados venezuelanos.
Dito isso, a guerra é vista como improvável em razão das potências que apoiam a Guiana e dos danos que certamente causaria à economia venezuelana com as eleições presidenciais batendo à porta.
Por João Vitor Manna Pires em 02/01/2024
Fontes: