O conflito entre Israel e Palestina pode ter impacto nas exportações brasileiras?
Contextualização
No sábado, 07 de Outubro, se iniciou um conflito entre Israel e Palestina, tensão a qual tem raízes históricas desde o final do século 19. Neste início de Outubro, o grupo islamita palestino, Hamas, atacou 22 locais, lançando um ataque aéreo a Israel com milhares de misses e realizando uma invasão terrestre em comunidades isarelences, principalmente na porção sul do país. O primeiro sábado do mês foi considerado o dia mais mortal dos últimos anos na disputa entre os países, com mais de mil mortos.
Os ataques deste mês se deram, em especial, a partir da faixa de Gaza, uma área historicamente conflituosa entre os povos judeus e palestinos. O conflito pode ser identificado desde o final do século 19 com a migração de judeus para a região da Palestina. Com isso, o Movimento Nacional Palestino, especialmente, passa a considerar os judeus como inimigos invasores de suas terras. Como resultado, com confrontos entre as duas nações e o fim da Segunda Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs uma partilha do território palestino, resultando na criação de Israel.
Em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, Israel ocupou Jerusalém Oriental, a Cisjordânia, uma grande parte das Colinas de Golã na Síria, a Faixa de Gaza e a península do Sinai. Mesmo estes territórios sendo desocupados, até hoje Israel mantém a ocupação na Cisjordânia e, em relação à Faixa de Gaza, o Estado retirou suas tropas em 2005, porém ainda mantém controle aéreo, da fronteira e da linha costeira, o que a ONU considera como ocupação israelense.
Dessa forma, o conflito ainda é muito instável e perdura por muitos anos, mesmo com a ação de órgãos internacionais como a ONU.
Relação com a economia brasileira
Os resultados da Balança Comercial da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) referentes ao mês de setembro de 2023 apontam exportações no valor de US$ 28,431 bilhões e importações de US$ 19,527 bilhões, revelando um saldo positivo (superávit) de US$ 8,904 bilhões. No acumulado deste ano de 2023, as exportações somam US$ 253 bilhões, representando um aumento de 0,4% em comparação com a mesma época do ano anterior, enquanto as importações diminuíram em 11,3%, totalizando US$ 181,7 bilhões.
O cenário otimista, com recordes de superávits em 2023, reforça o potencial de crescimento do Brasil, principalmente no setor agropecuário. Porém, a crise na Palestina pode gerar dúvidas em relação às projeções futuras para a economia brasileira. Segundo o Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), o cenário internacional no Oriente Médio não deve alterar as projeções de superávit brasileiro a curto prazo, ao contrário do impacto mais imediato causado pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia por meio das commodities, considerando que a Rússia é o principal fornecedor de fertilizantes e adubos para o Brasil.
A relação comercial entre Brasil e Israel ou a Palestina não tem um peso significativo para a economia nacional. A participação de Israel representa 0,2% das exportações brasileiras e 0,6% das importações, enquanto a participação da Palestina é menor, sendo o 153º mercado para as exportações e 157º para as importações. Em relação às exportações do setor agropecuário brasileiro para Israel, incluindo carne e soja (principais produtos exportados), não devem sofrer tantos impactos diretos. Segundo o sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio: “O Brasil tem estoques de fertilizantes e não há problemas de abastecimento no momento. Também não deveremos ter interrupção das exportações de carnes, soja e milho para Israel”.
O que pode ser o ponto de atenção nesse conflito é o petróleo, do qual o Brasil produz a maior parte, mas ainda é dependente de alguns países, importando 8% do petróleo que consome. Caso o conflito se alastre e perdure, o Brasil, assim como o resto do mundo, pode ser afetado, uma vez que o petróleo é essencial para o transporte, o que poderia causar um efeito cascata. Entretanto, vale ressaltar que o local de onde se importa estes 8% de petróleo é diversificado, como os Estados Unidos.
Portanto, o Brasil se encontra em um cenário econômico favorável, mesmo em meio a um conflito internacional, ainda mantém perspectivas de crescimento. Não deve haver um impacto imediato, pois ambos os países não têm relações econômicas fundamentais com o Brasil, especialmente no que diz respeito aos nossos principais produtos do agronegócio.
Por Fernando Souto em 27/10/2023
Fontes: